+ A hora da estrela

Em meados dos meus 13 anos, fui apresentada pela minha professora de literatura, à Clarice Lispector.  O primeiro conto foi "Felicidade Clandestina", conto este que me deixou super emocionada, que traduziu tudo que eu sentia. Não vou dizer que a partir daí virei fã, não. Virei fã de Clarice ao ver, sem querer, uma foto dela numa revista. Quando olhei aqueles olhos, quis saber mais, tinha certeza que aquela era a escritora que eu queria ler.
Meu primeiro contato com um livro de Clarice foi na biblioteca. Procurei por alguns livros da tal escritora misteriosa, e me identifiquei um tanto quanto com uma capa que dizia: " A HORA DA ESTRELA ". Peguei o livro, olhei, olhei de novo. Abri, virei as páginas devagar. Me interessei, olhos brilharam. Sim, brilharam. Eu o adorei, eu o queria. Queria o livro.
Tinha esquecido minha carteirinha, e não pude pega-lo. Acabei não o lendo: Nunca mais tive acesso ao livro, foi emprestado várias vezes na biblioteca, e depois perdi a carteirinha. Não podia esperar por ele, baixei na internet, e comecei a ler.
Porém nunca consegui. Ler um livro por computador, e não poder sentir seus dedos nas páginas, não poder ler as palavras datilografadas, me deixava muito chateada. Tão chateada que não quis ler. Prometi que leria quando o tivesse, nas mãos.
Aos meus 15 anos resolvi fazer uma pesquisa sobre o livro. Foi publicado um mês depois de Clarice morrer, um câncer no ovário. Me indentifiquei ainda mais este ano após saber disso, o que gerou o nome do blog, que nada mais é do que um desabafo num momento de um desespero, e para este fim foi criado, embora tenha se tornado tão intenso que não é mais direcionado à este fim.
Este domingo aconteceu uma coisa inusitada. Ele me disse: é para você, meu amor. Eu não tive pressa em abrir, já sabia o que era. Queria abrir só com ele olhando, queria abrir, e adora-lo. Era isso, finalmente. Tantas vezes me ví lendo. Ele percebeu quando meus olhos brilharam ao olha-lo. Não era só a capa com a menina do radinho, como aos treze eu ví na biblioteca. Era a edição especial, com narrações em um CD e a capa azul com as letras douradas : " A hora da estrela".
Eu vou lembrar para sempre dos olhos que diziam: É PARA VOCÊ MEU AMOR. E do cheiro do livro, que eu espero que não saia nunca mais.