terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Ela, Manuela - II


Parte I
Meu pai me esperava no aeroporto, enquanto minha mãe e meu irmão vinham atrás fazendo uma cara de que "isso não vai prestar", logo que viram Jorge. Eu fiz uma cara de "eu sei" em resposta. Após os cumprimentos e o choro descontrolado do meu pai, seguimos conversando para o carro.
- Trouxe roupas o bastante, Manu? - minha mãe perguntou
- Mais do que deveria para uma semana mãe. As roupas que eu não consegui doar de Karol estão aqui, também. - eu disse, meio encabulada.
- Jorge, ajude meu pai e meu irmão com as malas, por favor. - Disse, envergonhada por ele estar de mãos vazias.
- Não tem porque, gata. Eles estão bem sozinhos, hahaahaa.
Meu pai balançou a cabeça negativamente. Igual quando eu não queria comer brócolis quando era pequena. O que vinha depois não era legal, geralmente. 
Logo quando chegamos começaram as brigas. Meu pai e eu costumávamos ir a Copacabana, comer camarão e tomar refrigerante em um quiosque. Jorge gritou que jamais colocaria os pés num quiosque. Meu pai então mandou ele se foder, e depois, arrependido, olhou com uma cara de "poxa... filha..." com uma mistura de culpa e "você não vai deixar de fazer nosso programa predileto né?". Eu fiquei naqueles 5 segundos sem saber o que dizer e resolvi: vou a praia com meus pais.
Jorge saiu bufando e foi almoçar sabe-se lá onde. Após ter passado por um grande inverno na frança, o calor do RJ estava me fazendo bem. Porém eu não tinha uma roupinha de calor, e pasmem, estava 43° no Rio. Acho que eu era a única pessoa de calça jeans no Rio de Janeiro inteiro. Ali  com meus pais, estava me sentindo em casa. Imaginava Karol ali com a gente, e também pensava em Jorge. Porque ele e meu pai não podiam se dar bem? Mas precisava ser forte, é obvio que meu pai estava muito pior que eu. Não fazia sentido eu me desesperar pela ausência de Karol e começar a chorar em cima do camarão.
Jorge ainda não voltou e agora são 18 hrs. Eu estou me sentindo Anne H., antes da transformação em "O diabo veste Prada". A franja enrolada, sem salto ou batom, sem perspectiva de vida ou um minimo de auto estima que toda mulher deve ter. A Karol sim, era uma fêmea graciosa: Os cabelos loiros avermelhados presos em um lindo rabo de cavalo, os lábios sempre vermelhos. Eu nem me lembro a ultima vez que usei um batom. Francamente, quem sou eu perto dela? Não tenho inveja, mais, eu seria uma perda bem menor que a perda dela. Eu sou um peso morto no mundo, provavelmente. Não aguento mais essa franja enrolada, esses lábios de Angelina Jolie anêmica (brancos e grossos). Aquela fração de segundos em que ela  (Karol) atravessou antes de mim a rua e foi atingida por um ônibus era muito ingrata.
A campainha tocou. Meu pai atendeu. Balançou a cabeça negativamente: esperei pelos gritos.
- ONDE ESSE IDIOTA ACHA QUE VAI ENTRAR COM ESSA PORRA NA MÃO? - meu pai disse, histérico.
Loiro, alto e com batom no colarinho, lá estava Jorge, meu idiota. Com uma Heineken na mão (que meu pai apelidou carinhosamente de porra). Fui até a porta evitar que meu namorado fosse morto pelo meu pai. 
- MANUELA, NÃO IMPORTA O QUE VOCÊ DIGA ESSE VAGABUNDO NÃO DORME NA MINHA CASA HOJE.
Peguei Jorge pelo braço e levei para fora do apartamento. 
-QUAL.SEU.PROBLEMA? - eu disse, nervosa.
- Nenhum gata, e o seu? - ele respondeu, bêbado, em soluços.
- Olha Jorge - dei 100$ na mão dele - Vá para um hotel. Hoje infelizmente, você não entra nem pintado de ouro.
Patético. TUDO. Provavelmente ele iria dormir com alguma carioca linda, que adoraria estar com um almofadinha bebendo Heineken e falando francês, diferente de mim, que só queria um pouco daquele Jorge carinhoso. E ela iria para cama com ele, enquanto ele elogiava como ela não parecia uma mendiga e suas sobrancelhas estavam feitas. Escutei Jorge caindo da escada. Pensei: "bebado tem sorte, não morre", e entrei. Não acredito que dei 100 reais para aquele cretino que eu chamo de namorado gastar com alguma vadia. Que ódio de mim.

16 comentários:

  1. Não sou de ler contos independentes net afora, mas gostei bastante deste!
    Vou esperar pelo resto!
    ***
    Tem uma promoção rolando em meu blog, valendo o livro Templária, novo da Novo Século! Corre lá participar! ^^
    Beijos,
    Vinícius - Livros & Rabiscos

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  2. Srt! Mew (bem paulista)! Esse Jorge tem problema, né? A Manu tem que se valorizar, não é possível que ela se sinta tão peso morto assim!
    Eu agiria bem como o pai dela!rsrsrs!!
    Qundo temos mais?? Estou gostanto bastante!!

    Bjinhos
    Ju
    asbesteirasquemecontam.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. Vou dar uma trégua e postar alguma coisa antes de por o resto. Mas lá pra sexta feira tem mais. kkkkkkk beijo.

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  3. Muito bacana esse conto que esta escrevendo
    E seu jeito de escrever é bem leve

    Beijos
    @pocketlibro
    http://pocketlibro.blogspot.com.br

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  4. Está ficando bem legal, mas a personagem não se valoriza as vezes :S hehehe
    boa semana
    ;*

    dudsparrow.blogspot.com.br

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  5. Deixa as malas dele do lado de fora da porta. Diga um "se vire" e vá ser feliz. Ninguém merece, não é? Um grande abraço!

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  6. Pra falar a verdade não curti muito, acho que os personagens.
    Ela é muito idiota, chega a dar raiva, rs. E esse Jorge, um tremendo babaca. Mas acho que é porque ainda está no início, quando começar a explicar mais as coisas, quem sabe. (:

    Burnny

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  7. Adorei flor, simplesmente muito bom.

    clicandolivros

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  8. Concordo com o pessoal aqui, seu jeito de escrever é leve e cativa, gostei desse conto ;)

    Beijokas :*
    Blog da Mylloka

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  9. Já estou odiando esse imbecil desse Jorge, e odiando mais ainda Manuela por aceitar isso calada. Desde o momento que ele rasgou a blusa dela já devia ter levado um pé na bunda. Aliás, dese que não a confortou no momento mais difícil da vida dela não merecia mais nem a consideração de um telefonema pra dizer "desculpa mas acabou". Enfim, estou adorando a história e quero muito ver o final! *-*

    www.annadecassia.com

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  10. ciúmes é uma merda completa e a pior coisa existente, não tem como ter um relacionamento com alguém ciumento. mas pô, na parte da heineken eu tô totalmente com o jorge.

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  11. Olá, vim agradecer sua visita ao meu blog...
    Muito bom o conto... vamos ver o final...
    Beijos

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  12. OI
    Que texto ótimo!

    Não acho que ela tenho feito bem em dar dinheiro para o namoraado bêbado, mas a gente sempre quer ver bem quem a gente ama não é? então, entendo a atitude dela.

    Vai ter continuação né? Estou curiosa para saber onde isso tudo vai dar, e o que o namorado dela vai aprontar! rsrs'

    Bjin, bjin

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  13. Nossa, que insensível esse idiota, hein? A Manuela e a família dela acabaram de perder alguém especial e tudo o que ele se preocupa é com ele? Ela tem muita paciência, eu nem ao menos teria levado esse cretino na viagem!
    Beijinhos

    Hipérboles
    @hiperbolismos

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  14. Nossa, mas esse cara é um trouxa. Mulher nenhuma merece um homem assim e se o pai não gostou já era um sinal pra ela cair fora, ok eu sei que é um conto, mas eu entro na história hahahaha. Bjoooooooo!

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  15. AHÁ, não te disse que ia odiar o Jorge?
    Que praga insensível! :(
    iauhauhaiuha

    E eu concordo com a Amanda ali em cima: eu nem teria levado esse cretino na viagem. Ai ai, vai saber né?
    Eu já teria dado um murro. u.u

    Mas eu quero logo a continuação! Sempre fico curiosa. *-* aiaiuhaiuhaiuhai

    p.s.: Desculpa não ter vindo aqui antes! :( Ando estudando feito louca. Não consigo mais postar no blog direito, nem retribuir comentários, nem ir nos blogs que costumo visitar... Tempo, cadê?
    Mas prometo que volto aqui sempre. ♥

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Não gaste teclado: SE NÃO LEU, NÃO COMENTE. Também não tente me enganar: Eu percebo quando a pessoa não leu nada. (Aliás, tem gente que não lê nem isso aqui).