quarta-feira, 6 de março de 2013

Ela, Manuela - VI



Acordei no outro dia tocando já tocando a campainha do AP da Mari, as 9:15 da manhã. Cauã atendeu, com uma cara de sono do tamanho do mundo, de pijama.
- Que tipo de mulher é você que me faz dormir 1 da manhã e me acorda as 9? - Ele disse, com uma voz rouca e grossa, de quem realmente tinha ficado irritado pelo horário.
- Desculpe Sr. Coragem, mas quero falar com a sua irmã. Ela está? - eu disse.
- Um momento, morena inconsequente.
Mari finalmente veio atender a porta.
- Oi Manu. Desculpe o bobo do meu irmão. Tudo bem?
- Sim... será que você poderia me passar o endereço de um salão de beleza? Desculpe o horário, mas é que eu não posso esperar.
Mari não só me passou o endereço como foi comigo resolver a questão da minha franja e da droga da sobrancelha. Voltei pra casa e combinei com meu pai que teria, ao menos por essa semana, uma rotina que ele quer: trabalhar com ele na empresa de manhã e estudar administração a noite, conforme a matrícula. Mas deixei bem claro que caso eu não gostasse voltaria para França, como queria Jorge.
Ao longo dessa semana eu fui assistir Django Livre com o Cauã e com a Mari, acabei gostando do curso de verdade, gostava de trabalhar no escritório e fiz amigos na faculdade. Cauã e eu saíamos para tomar sorvete de morango todos os dias em que não estavamos brigados, o que acontecia frequentemente porque ele era grosso e muito sincero, na verdade quase terrorista com a sua sinceridade e a propósito, eu odiava aquela garota da sorveteria que ficava dando em cima dele. Jorge me ligava quase todos os dias, lá pelas 22 horas da noite. Faltando um dia para que ele viesse "me buscar" eu estava em desespero: finalmente tinha me achado no Rio de Janeiro. Ele me ligou no intervalo da faculdade enquanto eu conversava com as minhas novas amigas.
- Oi gata. Quero te perguntar uma coisa.
- Sim, pode dizer.
- Que tal ficarmos mais uma semana no Brasil? tem uma tia que minha mãe quer que eu vá visitar, sabe...
Acho que aquela era a desculpa mais esfarrapada do mundo todo. Mesmo assim, não pude conter o sorriso e a felicidade: descobri que eu não queria voltar.
- Ok, tudo bem, quer dizer, ah, que pena, mas não tem nada não, eu vou ficar bem aqui. - Disse, meio culpada por estar mentindo.

Um dia, saindo da empresa do meu pai começou a chover, e Cauã me deu uma "carona" no guarda-chuva dele.
- Sabe... eu não entendo porque você foge tanto de mim, morena. - Era o pavor da minha vida olhar para os lábios de Cauã, eles eram, sei lá... grossos demais. Enquanto ele falava, as vezes eu meio que me perdia no conteúdo daquele cara. Sincero a ponto de ser "terrorista", mas que mudou tantas coisas em mim.
- Quem sabe é porque quando você me vê está sempre tentando me dar lição de moral como se sua vida fosse perfeita e você não tivesse um só problema.
- Vou ignorar sua grosseria e sua futilidade. Não sei porque eu ainda perco meu tempo falando com um ser com mania de auto-destruição igual você.
- Vai começar? Me deixa molhar e vai na frente, garoto. Não to com paciência hoje.
- Do que você tem medo? - Ele me fez uma cara de quem estava aprontando, e eu me senti um tanto quanto desconfortável com aqueles olhos negros e aquela mão grande no meu ombro.
- Eu não tenho medo... - menti - só tenho que me comportar na ausência do meu namorado, sabe. E além do mais o que te importa?
- O problema é o Mauricinho então? Acho que ele não é o problema, sabe, Manu - ele piscou - seu medo é o mesmo que o meu.
- Quer dizer que você tem medo? - quis saber.
- Sim. Tenho medo de dar uma louca em mim e eu querer te beijar, aqui na chuva, sem mais nem menos. As vezes tenho medo por ficar pensando em você antes de ir me deitar.  Tenho medo de você ir embora... - ele suspirou - meu Deus, eu estou pedindo pra você ficar. O que deu em mim? Esquece. Esquece tudo, finge que eu não to aqui. Se não tivesse chovendo agora, eu sairia correndo com certeza.
Eu não sabia o que dizer. Um furacão de emoções passava por mim agora. Decidi não dizer nada, mas que droga, não consegui conter um sorriso bobo. Que droga, droga. E ele percebeu. E me deixou na porta do apartamento, sem dizer nada o resto da viagem.
Acho que estou ... (vamos lá, diga, Manuela, não é tão difícil assim)... acho que eu estou apaixonada. Mas que droga de vida.

Nota da blogueira: Desculpem não estar passando nos blogs como eu gostaria, nem postando coisas que eu gostaria. Tenho muita coisa pra contar, porém pouco tempo hábil. Estou trabalhando muito, porque estou cobrindo férias de outro funcionário, ou seja, não tá sobrando tempo nem pra respirar, quanto mais pra escrever posts, e os da historia já estão escritos. Espero que me entendam. Lamentando muito: a morte do vocalista do CBJR, Chorão, porque foi minha infância totaaaaaaaaal anos 90. Beijo e continuem por aqui, please :*

9 comentários:

  1. Floor, eu entendo perfeitamente essa falta de tempo.
    Ah, em relação ao post em si, estou gostando muito desses post, dessa continuação, vc não se perdeu, e isso tá me chamando a atenção.
    clicandolivros.blogspot.com.br

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  2. Adorei o conto, cada vez melhor.
    Nossa levei um baque quando soube da morte dele, eu não era tão fã de saber tudo que acontecia na vida dele mais gostava das músicas, uma grande perda pra música
    beijos

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  3. Estou gostando bastante dessa estoria

    Beijos
    @pocketlibro
    http://pocketlibro.blogspot.com.br

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  4. Momento Abraçando o travesseiro com cara de apaixonada!
    Srt. eu tenho o dom de me envolver nas histórias! Qnd a Manu não conseguiu segurar o riso bobo, eu tb soltei o meu, como se eu estive ali, vendo tudo! Mas isso não é só dom meu, é merito seu, sua história envolve o leitor, ou pelo menos eu, a leitora!rs

    PS: MUITO MUITO triste pelo chorão! Trabalha tranquila! só não vai me deixar sem Manu!! rsrsrs

    Bjinhos
    JuJu

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  5. DROGA MANUELA, ERA PRA VC TER BEIJADO ELE NA CHUVA IGUAL A CENA DE FILME, SUA BURRA!!!!

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  6. "- Sim. Tenho medo de dar uma louca em mim e eu querer te beijar, aqui na chuva, sem mais nem menos. As vezes tenho medo por ficar pensando em você antes de ir me deitar. Tenho medo de você ir embora... - ele suspirou - meu Deus, eu estou pedindo pra você ficar. O que deu em mim? Esquece. Esquece tudo, finge que eu não to aqui. Se não tivesse chovendo agora, eu sairia correndo com certeza."

    AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAWN MEU DEEEEEEEEEEEEUS
    ♥♥♥♥♥
    Mas me responde só uma coisa:
    PORQUÊ RAIOS ELE NÃO A BEIJOU?????? Ó CÉUS, NÃO CREIO!

    Mas ok, tô feliz. Que lindo que tá ficando tudo <3
    Mas aposto que o Jorge ainda vai aprontar alguma, não vai? Tsc.

    p.s.: Chorão... triste também. Muito. Também foi minha geração anos 90 :/

    Beijo, Mona!!

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  7. UHAuihaUIahui
    Ri com o comentário aí de cima :D
    Eu estou adorando esse texto, e eu total entendo a falta de tempo, estou cobrindo férias de uma colega também, estou ferrada.

    Beijinhos

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  8. Sei lá o porque, mas desconfio desse Cauã, rs. Ele é perfeitinho demais pra ser verdade, sabe?
    Beijinhos

    Hipérboles
    @hiperbolismos

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  9. Lendo os capítulos atrasados... Estou torcendo pelo namoro desses dois. Que o chato fique lá no Rio de Janeiro. Beijinhos, amiga!

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Não gaste teclado: SE NÃO LEU, NÃO COMENTE. Também não tente me enganar: Eu percebo quando a pessoa não leu nada. (Aliás, tem gente que não lê nem isso aqui).