sábado, 9 de março de 2013

Ela, Manuela VIV


Me assustei ao chegar na faculdade e não ver Cauã. Ele não estava em lugar nenhum. Não queria ligar pra ele, fiquei com medo de deixar ele ainda mais "iludido", mesmo que aquilo não fosse uma ilusão. Sabe quando você quer não querendo ver alguém? Pois é, eu precisava ver Cauã, só pra garantir que ele ia me esperar, sabe? Eu precisava saber se tinha tempo o suficiente para terminar o lance com o Jorge e ainda ter Cauã a minha espera, mesmo que aquilo não fosse justo. Passou a primeira aula, e nada. A essa altura eu já estava pensando "muito bem, Manuela, levou perdido do menino que você acabou de beijar, parabéns". Foi então que no intervalo, o meu celular tocou... o numero era desconhecido.
- Oi, morena - Era a voz de Cauã, sem dúvida, mas estava uma voz cansada, e não fazia o tipo "rouco sexy" de sempre. Tinha acontecido alguma coisa - Será que poderia dizer ao seu pai que não dá para eu ir trabalhar amanhã? estou ligando do hospital.
- O que aconteceu?
- Tive uma crise de gastrite nervosa horrível. O médico disse que é melhor que eu fique em observação até amanhã de manhã, caso eu volte a passar mal...
- Quem está ai com você? - eu estava bem, bem preocupada.
- Bom, meus pais tem que trabalhar amanhã e minha irmã e eu tínhamos uma reunião importante, portanto vou ficar sozinho, mas é só essa noite, amanhã já vou para casa. Mari não pode ficar, para não desfalcar totalmente seu pai, sem Mari ficaria mais difícil ele se virar por lá. - Eu sabia bem o que ele queria dizer, porque meu pai falou dessa reunião por semanas, e a Mari era o braço direito do meu pai, trabalhando como sua assistente.
- Ok, eu vou passar a noite ai. Me passe o endereço, por favor.

Depois de avisar meus pais e convencer Cauã que não tinha problema nenhum, passei em casa, peguei roupa de dormir e escova de dentes e fui ao hospital. Ele estava deitado na cama com aquelas "camisolas" horríveis, e jogando um jogo no celular. A cama para acompanhante até que era gostosa, assim, razoável e o Cauã deveria ter um convênio muito bom, pois o quarto era muito aconchegante.
- Como você está? - perguntei.
- Ah, é a vida. As 15 você está beijando uma morena maravilhosa, e as 22 você está na cama de um hospital. Irônico né?
Eu tive que rir do senso de humor dele.
- Já que eu estou doente e você provavelmente deve estar morrendo de dózinha de mim... posso fazer uma pergunta?
- Começou com as suas bobagens já, né. - eu disse, meio nervosa - Fala, pode perguntar vai
- Qual é o real problema? Sério. Eu até posso entender se você disser que não gosta de mim, que me quer como amigo e tudo. Eu sei que eu não sou nenhum príncipe e que a gente briga sempre por qualquer bobagem, e também não faço o tipo atraente. Mas você não gosta do almofadinha, né?
- Não quero falar disso, Cauã.
- Qual é, Manu. Por favor. - ele apontou pro vidro de soro que estava perto da sua cama- eu sou um cara doente.
Eu ri. Cauã sempre me fazia rir quando eu queria muito ficar séria, e acho que toda mulher odeia quando os homens fazem isso. É um golpe mais sujo do que fazer cócegas.
- Não, sério, fala ai, vai. É pro seu bem... estou preocupado.

Ele insistiu tanto, que eu acabei contando tudo o que aconteceu. Sobre o diário, sobre as estranhas ligações de Jorge, sobre ele ter praticamente me ameaçado, dizendo que me levaria nem que fosse a força. Não sei explicar pra vocês porque me abri com ele, acho que pelo simples fato de que não queria começar outro relacionamento baseado em mentira e carência.
- E você agora está com medo? Olha, Manu, primeiro que se ele te ameaçou você deveria prestar queixa, ainda mais se tem provas no diário da Karol que ele é um doido. E outra, você está sempre cercada de pessoas, o que ele pode fazer?
- Não sei, só não queria ficar com ninguém sem ter resolvido isso primeiro...
- Você já resolveu. Você não disse que queria terminar? então, tá resolvido. Me dá uma chance, por favor... estou começando a achar que você não gosta de mim, e está inventando desculpas.  - Cauã pegou na minha mão e eu percebi que talvez eu fosse maluca, porque nenhuma mulher em sã consciência desprezaria ele. - Não quero forçar a barra, mas não consigo me afastar de você. Já tentei, juro. Você é uma garota problema, que tem um namorado almofadinha e eu tenho certeza que isso pode acabar mal, só que... - ele suspirou - não consigo ficar longe de você. Pronto, falei. Desisti de tentar.

O que me prendia a Jorge, afinal? Eu tinha absoluta certeza que o que eu senti por ele foi mera carência, e do jeito que ele estava adiando a nossa volta a França, talvez ele nunca voltasse. Todas as vezes que ele me ligava era a noite, sempre parecia estar com pressa pra sair e as vezes até escutava uma musica ensurdecedora de fundo. Quando eu ligo pra ele a tarde, ele nunca atende e se atende está com uma voz de sono, e em um mal humor terrível.
Talvez ele estivesse gostando de estar solteiro ou até pensando em ficar no Brasil e eu aqui, me descabelando e perdendo um tempo da minha vida com um cara que eu nem sei soletrar o sobrenome. 

Acabei por aceitar sair com o Cauã no sábado. Meu pai vai viajar a negócio e minha mãe vai com ele, e meu irmão não é o que eu chamo de "vigia", então eu ficaria tranquila quanto a horário pra voltar pra casa, e especialmente se o jorge me ligar neste meio tempo, porque meu pai não estaria em casa pra atender o telefone e soltar os palavrões que ele guardou a semana inteira especialmente pra Jorge.
Não demos mais nenhum beijo, no hospital. Só ficamos conversando a noite toda e brigando pra quem assistiria o canal que quisesse na tv, e ele acabou ganhando porque "era um cara doente". 
Então, sábado é o dia. Vou tentar viver um amor sem me preocupar com Jorge. Cansei de lutar contra o que eu sinto.



8 comentários:

  1. Fico MUITO feliz pela decisão dela, mas sinto que isso vai dar em merda. kkkkkkkk

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  2. Olha, eu sem sei o que dizer...
    Ela tá certa em seguir em frente e experimentar algo novo, se aventurar e ver no que tudo vai dar. O que não dá é ficar com receio e se prender, e isso é certo. Mas, bem, eu ainda acho que algo vai acontecer. Essa de lutar contra o que se sente é complicado demais, viu!? ahauahaua Mas enfim...

    Adorei!!!

    Um abraço!
    http://universoliterario.blogspot.com.br/

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  3. Bom, ela é livre pra fazer o que quer, vamos ver no que vai dar né hehehe
    Continua :)
    boa semana
    ;*

    www.redbehavior.com

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  4. Adorei, acho que isso não vai terminar bem não hein
    beijos

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  5. Que bom que eles começaram a se entender Srt.! Ainda bem que a Manu percebeu que o cara não é de se jogar fora! Bom que a cada post a Manu tem ficado mais forte e mais decidida... esse Jorge é doidinho de pedra, essa história dele com a irmã é muito mal contada, acho que ele é doidinho mesmo!rsrsrs... e viva o Cauã!!rsrs...

    Bjinhos
    Ju
    asbesteirasquemecontam.blogspot.com.br

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  6. Sei lá, tá tudo fácil demais. Acho que o Jorge vai fazer alguma coisa quando descobrir que a Manu está com o Cauã. Ela deveria ter cuidado.
    Beijinhos

    Hipérboles
    @hiperbolismos

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  7. rsrs, eu estou adorando o texto, já falei. Mas estou rindo com os comentários ;)

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  8. Melhor... Depois leio o restante, amiga. Um grande abraço e bom fim de semana!

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Não gaste teclado: SE NÃO LEU, NÃO COMENTE. Também não tente me enganar: Eu percebo quando a pessoa não leu nada. (Aliás, tem gente que não lê nem isso aqui).