Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo..
"É preciso variar, se não tivermos cuidado a vida torna-se rapidamente previsível, monótona, uma seca"
- O poeta.
Verdade. Prefiro dizer tudo que eu sinto do que ficar com isso preso dentro de mim. beijos (:
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirViver...eis o grande mistério!
Bjus
Laurinha
Pesquisando sobre Saramago encontrei esse poema que eu não conhecia. E amei! Lindo demais e apesar de logo no primeiro verso avisar "calado estou, calado ficarei", ele diz tudo.
ResponderExcluirÉ um bálsamo vir aqui e ler seus textos; eles entram em nossa alma ficam para sempre. Agradeço-lhe pelo poder de digerir suas belas palavras.
ResponderExcluirBelíssimo o seu presente; suas palavras sempre trazem muita paz para este coração.
Quanto ao Escrito Saramago, fico acreditando que ele não tenha morrido, ele ficará entre nós através de suas palavras grafadas para a posteridade.
Escreva sempre. Leremos sempre suas lindas composições tais quais músicas acariciando nossa mente.
Beijos.
Muiiiiiiiiiiiiiiito bem.
ResponderExcluirSua postagem realça o silêncio com sabedoria.
Um beijo minha linda.